Eu tinha acabado de chegar em Florença e era meu primeiro mochilão pela Itália.
Florença era um dos destinos que eu mais queria conhecer… chegamos exaustas no hotel e minhas amigas foram tirar um cochilo.
E eu? Eu até tentei cochilar… me deitei na cama e tudo… mas simplesmente não conseguia parar de pensar em tudo que tinha para ver ali.
Então na força da Felicidade de quem está vivendo um sonho, mesmo completamente exausta, com círculos roxos ao redor dos olhos, levantei e fui passear.
Nosso hotel era perto do Duomo de Florença e foi para lá que eu fui.
Me lembro como se fosse hoje: meu coração batendo tão acelerado, ao virar a esquina e avistar esse monumento impressionante.
Comprei um gelato italiano delicioso de limão Siciliano para me refrescar e apreciar a vista.
O Sol estava bombando e tinham muitos turistas passeando, afinal, o Duomo de Florença é um dos principais pontos turísticos de toda a Itália.
Passado um tempo que eu estava ali, meio timidamente veio uma moça conversar comigo… perguntou se eu podia tirar uma foto para ela.
Eu tirei a foto para ela… depois ela tirou uma foto minha… e começamos a conversar.
E quando a gente está em outro país e começa a conversar com alguém, qual a primeira pergunta que fazemos?
De onde você é?
Eu, ali com 28 anos, realizando um dos maiores sonhos da minha vida fazendo um mochilão de férias pela Europa.
Não lembro muitos detalhes da conversa porque já faz 10 anos, mas me marcou que ela era de Nova Iorque e que ela tinha 18 anos.
Ela me contou que ela estava vivendo um momento muito difícil sofrendo muita pressão para decidir a faculdade então ela decidiu fazer uma viagem de 1 ano de volta ao mundo.
Ela já estava viajando há alguns meses… e também tinha acabado de chegar em Florença.
Ela não acreditava quando eu disse que eu era do Brasil: achou que eu estava brincando. Até pediu para ver no passaporte…
Ela explicou que pensava que aqui no Brasil as pessoas tinham pele morena e cabelo cacheado.
Expliquei para ela sobre a diversidade cultural do Brasil e ela ficou impressionadíssima, e com muita vontade de conhecer o Brasil
Eu falei para ela que eu jamais imaginei que nos Estados Unidos uma família ia incentivar e ajudar um adolescente a viajar pelo mundo por 1 ano antes de decidir que curso fazer.
Conversamos um pouco sobre isso… sobre como temos visões das coisas e como na verdade as coisas podem ser – e são – completamente diferentes do que imaginamos.
E toda essa reflexão, com o Duomo de “pano de fundo”.
Ali, naquela breve conversa entre duas desconhecidas, nós duas quebramos paradigmas.
Ali na viagem, naquele breve momento, mesmo sendo duas estranhas, cada uma de um lugar do mundo, com idades diferente e experiências diferentes… nos permitimos ouvir e aprender uma com a outra.
Quando viajo essa é uma das transformações que eu estou buscando: a quebra dos meus paradigmas.
Busco enxergarem melhor as pessoas… enxergar mais as pessoas…
Fala pra mim com todo o coração: qual é a chance desse mesmo diálogo ter acontecido em um dia qualquer do nosso dia a dia corrido?
Eu penso que seria muito raro. Muito raro mesmo.
No dia a dia a gente não tem tempo… só vamos indo.
E quando eu estou viajando eu busco viver esse tempo… que para mim, nada mais é, que viver a vida. E não só “ir indo”.
O que você busca quando está viajando?
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